Esta é para você que vive reclamando do chefe, dos colegas, da rotina, das mil e uma obrigações… Exercer uma atividade (seja ela qual for) pode ajudar a viver mais e melhor – e isso nada tem a ver com salário
por Anderson Moço
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Sorriso largo estampado no rosto, o paulistano Marcos Al’Franco, 40 anos, conta a virada que deu na vida. Ele trabalhava como administrador de empresa e, apesar de muito bem remunerado, não se sentia feliz. “Sempre quis viver de arte e, por meio dela, ajudar outras pessoas”, justifica. Conseguiu. Há quatro anos coordena uma ONG que ensina artes plásticas a pacientes de hospitais públicos. Ganha menos, mas não se queixa. “Sei que meu trabalho influencia positivamente a vida de muitas pessoas”, declara. Até a saúde melhorou. “Eu me sentia exausto física e emocionalmente”, conta. “Mas, depois que mudei de atividade, fiquei outra pessoa, nunca mais adoeci.”
IMAGEMTXTA ciência já desvendou essa relação entre saúde e satisfação profissional. “Trabalhar com prazer fortalece o sistema de defesa do organismo, além de aumentar a auto-estima e dar mais disposição para as diversas tarefas do dia-a-dia”, afirma o psicólogo Odair Furtado, professor da Universidade de Brasília (UnB) e presidente da Conselho Federal de Psicologia. “A situação se inverte quando você faz algo que não lhe dá nenhuma alegria”, completa a psicóloga Ione Vasques, do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da UnB. Ou seja, a saúde pode até ficar comprometida.
Um estudo inglês da Universidade College, de Londres, não só mostra bem esse vínculo como vai adiante: o estresse gerado pelo descontentamento profissional, segundo a pesquisa, muitas vezes é o estopim da síndrome metabólica, um conjunto considerável de problemas prejudiciais ao coração, englobando obesidade, gordura abdominal, colesterol e triglicérides alterados, pressão alta e diabete.
Infelizmente, gente infeliz com o que faz é o que não falta. Segundo o Isma-BR, entidade internacional dedicada ao estudo do estresse, um em cada dez brasileiros se diz constantemente deprimido por não gostar do trabalho. É o seu caso? Se a resposta for sim, vale fazer uma reflexão: será que você já parou para pensar na importância social do seu ofício? “Reconhecer esse valor pode levar a um grande prazer também na vida profissional”, opina Ione. É uma descoberta — e ela depende apenas de você. “Quem tem que dar significado ao que faz somos nós mesmos”, ressalta a socióloga Leila Blass, do Núcleo de Estudos do Trabalho da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
É claro que todo mundo quer uma ocupação rentável. Mas, se for prazerosa, muito, mas muito melhor. Bill Gates, o bilionário da Microsoft, empresa que revolucionou o mundo dos microcomputadores, é um filantropo, sem sombra de dúvida. Mas, em busca do seu já manifesto prazer de financiar pesquisas de tratamento de doenças e outras ações beneméritas, anunciou sua aposentadoria a partir de 2008. Motivo: quer se dedicar à tarefa em tempo integral.
SEM MEDO DE MUDAR
Coragem poderia até ser o sobrenome da paulistana Rosana Aidar, 37 anos. Executiva competente e respeitada, não quis saber de se acomodar à confortável posição que ocupava. A empresa exigia muito de seu tempo e ela acalentava o sonho de ser mãe. Resolveu, então, arriscar: pediu demissão e voltou para casa. “Na época só pensava mesmo em engravidar para me sentir mais feliz”, conta. Rosana teve duas filhas e, por mais de cinco anos, só cuidou da casa. Com as meninas crescidas, já era hora de voltar à ativa. Decidiu, então, fazer um curso de fotografia, uma antiga paixão, e recomeçar do zero. Hoje ela é assistente de fotógrafo, o que lhe rende um salário menor, é verdade, mas também uma felicidade sem tamanho.
A julgar por um outro estudo da Universidade College, a decisão de Rosana foi acertadíssima. A pesquisa londrina revelou que mulheres que conciliam o trabalho doméstico e a vida profissional acabam se cuidando mais, pois são antenadas em saúde, alimentam-se melhor. Também apresentam uma tendência menor à obesidade. O trabalho não precisa necessariamente remeter ao mundo corporativo. Você pode se envolver com atividades informais ou realizar serviços voluntários. O importante é dedicar à sua escolha um amor sincero. Acredite: seguir como um robô em funções pré-programadas acaba com sua energia produtiva e, a longo prazo, também com a saúde.
BOM TRABALHO
Dicas para ser feliz no emprego
• Procure descobrir o que você gosta de fazer.
Quem sabe assim até perceba que tem outros talentos.
• Vá atrás de uma atividade que lhe dê prazer.
• Busque disposição para realizar cada tarefa.
• Identifique o valor social do seu trabalho.